Adaptação da matéria publicada na Folha de S. Paulo, em 07 de outubro de 2007, para a disciplina Ciberjornalismo.
200 anos da chegada da Família Real ao Brasil
Descaso histórico
Imóveis que abrigaram a comitiva oficial estão em ruínas
Em 2008, a vinda da corte real para o Brasil completa 200 anos. E essa parte da história nacional está desabando pelas ruas do centro do Rio. No Arquivo Nacional, cerca de 150 imóveis que serviram de moradia para membros da corte aparecem nos registros, mas apenas 8 permanecem de pé. Apenas 2 destes contam com verbas públicas. Os outros estão com a estrutura comprometida pela falta de conservação. As exceções são o Paço Imperial e a Quinta da Boa Vista, que abrigaram a família real e viraram museus.
A informação é do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), que, juntamente com historiadores, arquitetos e pesquisadores, localizou os imóveis, em sua maioria, no centro da cidade. Na lista dos imóveis que restam de pé, há o palacete de um dos ministros de d. João VI, o casarão de um nobre da corte e casas que serviram de comércio e moradia para comerciantes portugueses.
As construções estavam entre as mais nobres da cidade na época. Elas foram desapropriadas por determinação de D. João VI para abrigar os nobres que chegaram junto com a família real. Os registros de entrada de estrangeiros no Rio de 1808 contabiliza que apenas 444 pessoas desembarcaram na cidade naquele ano, mas os historiadores contabilizam entre 5 mil e 15 mil o número de acompanhantes da comitiva.
O historiador Milton Teixeira diz que “restou pouco da arquitetura daquela época. Acho isso um absurdo. Há casos clássicos, como o de Paris, em que o centro se desenvolveu, mas a parte histórica foi mantida. Segundo a lei, a preservação dos imóveis da antiga capital do império - e mais tarde da república - deveria ser feita pelo governo federal e pela prefeitura do Rio, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade, diz que falta, também, incentivo na iniciativa privada para investir nos imóveis, “já que muitos deles são privados”. Ele afirma, que, de R$ 145 milhões em projetos de patrimônio histórico no Rio em parceria com empresários que ele conseguiu para um período de dois anos, o Iphan só conseguiu captar R$ 30 milhões, mesmo com uma renúncia fiscal de até 4% dos impostos do governo federal para o projeto.
Em 2008, o Rio terá uma série de eventos para celebrar os 200 anos da chegada da família real ao Brasil. O início oficial será em março com a reabertura da Igreja da Antiga Sé. Antes, em fevereiro, será lançado a reedição do poema “La Henriade”, de Voltaire, de 1812. em abril, será a vez do “Dicionário do Brasil Joanino”, com 120 verbetes escritos por especialistas sobre a época, e, em setembro da edição ampliada da “Bibliografia da Impressão Régia”. Há ainda musical, exposição, filme sobre d. João VI e uma peça na Praça XV.
sábado, 17 de novembro de 2007
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