quarta-feira, 25 de março de 2009

No que te fazem acreditar?









Você já tirou um dia da sua vida para ver a propaganda com outros olhos? Anúncios na TV, outdoors, vitrines, propagandas nas revistas, nos jornais.... Você já teve um olhar crítico para estas mídias?


Calma! Não é papo de socialista, nem um texto anti-capitalista contra os pobres publicitários, meus quase colegas de formação. Mas pode-se dizer que, hoje em dia, está na moda ter uma postura mais consciente com relação ao consumo. Nem que seja para ajudar na luta à favor da proteção do meio ambiente, que, necessariamente, passa por atitudes menos consumistas.


Pois bem, nosso sistema sócio-econômico depende do consumo, isso nós já pudemos perceber. As empresas precisam "vender" seus produtos e serviços para manterem-se lucrativas, para empregarem, para pagarem impostos. E nós, proletariados que somos na maioria, precisamos destas empresas para as quais vendemos nossa mão de obra. Assim, podemos consumir e manter o sistema funcionando. Até aqui Marx purinho, muita aulinha de História e Sociologia, Economia e Política (e tantas outras áreas do saber dedicadas ao tema).


Podemos acrescentar, também, que o capitalismo financiou nosso progresso tecnológico, permitiu que estendêssemos nossa expectativa de vida, com mais qualidade e saúde. Trouxe-nos a luz do saber, popularizou as artes e, mesmo que tornando-a uma mercadoria, difundiu em larga escala as formas de cultura.


Mas o que me levou a iniciar este texto foram alguns certos exageros em tornar necessidade elementos que passariam despercebidos no curso da história. Na ânsia por vender, por lucrar, as empresas atrelam aos seus produtos valores ideológicos que tornam-nos, aparentemente, indispensáveis. Vamos a alguns exemplos?


A escova de dentes com limpador de língua e bochechas! Você sabia que 80% das bactérias da boca não estão nos dentes?! Ora, isso me parece óbvio, considerando-se que os dentes ocupam a menor superfície da boca, se comparados com a língua e as bochechas. Abrindo bem a minha boca diante do espelho, vejo uma imensidão roseada circundada por uma fina fileira de dentes. Logo, seria de se esperar que as nossas amigas bactérias sejam mais encontradas em outras partes que não os dentes. Eu uso uma escova simples, de cerdas regulares, todas do mesmo tamanho. Com a própria escova, limpo dentes, língua e bochechas. Então não venham me falar que preciso de uma escova que custa mais de R$ 8,00 para fazer isso!!



Outro ótimo exemplo de faz de conta publicitário são os anúncios de carros divulgados na televisão. Repare só, em todas as marcas e modelos, todos os protagonistas, os reizinhos sobre quatro rodas, circulam livremente por ruas, avenidas e estradas vazias e bem pavimentadas. As cidades dos comerciais de automóveis são sempre desertas! Meu Deus, que ilusão! Conseguem grudar no carro sentimentos como liberdade, status, poder, agilidade. Quando na verdade, em nosso dia-a-dia, o que vemos são nossas cidades, sejam elas medianas ou metrópoles, saturadas de veículos, com trânsito denso e lentidão. Você sabia que a velocidade média de deslocamento nas cidades tem caído com o passar do tempo? Talvez na mesma proporção que a potência dos carros tem aumentado. Em algumas cidades, a velocidade com que se trafega já é menor do que de carroças! Eu sempre quis perguntar uma coisa para os fabricantes de automóveis. Se são feitos para se andar sozinho, esnobando e viajando na maionese, como fazem os atores dos comerciais, pra quê equipá-los com bancos suficientes para transportar cinco, seis pessoas? Provavelmente eles não iriam confessar que é simplesmente para justificar o alto preço. Afinal, veículos individuais, que poluíssem menos, que ocupassem menos espaço nas ruas, provavelmente teriam que custar menos.

Poderia passar a noite citando exemplos de mensagens publicitárias que, se analisadas com um pouquinho mais de atenção, se revelariam desafiantes da lógica. Mas o texto está ficando muito longo e ninguém merece uma dissertação a ser lida nessa tela ofuscante, né? Qualquer dia a gente volta nesse assunto.
Mas não se deixe enganar. Conteste, tente enxergar adiante. Você pode gostar dos comerciais, dos produtos, mas tenha uma relação consciente com eles. Saiba o que os fabricantes, produtores, publicitários, enfim, aqueles que produzem as mensagens, querem conseguir com elas.
Boas compras!


"Com este porta-malas você pode tirar um cochilo durante o engarrafamento!"

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