domingo, 5 de abril de 2009

Garden Hall é o cac...!!!

Deu no César Romero de hoje (Tribuna de Minas, 05/04/2009), referindo-se à Associação Atlética Banco do Brasil - AABB: ..." após a reforma, o salão de festas do clube ganhou o nome de Garden Hall."
Como diria o coleguinha Ancelmo Góis, colunista diário de O Globo, Garden Hall é o cac...!!!!
Não é de hoje que estrangeirismos gratuitos me incomodam, prova disso é o texto que publico hoje, escrito originalmente em 2005, com pequenas adaptações.

No ano 2000, esteve em discussão no Congresso Nacional, um projeto de lei que proibia o uso de palavras de língua estrangeira em determinados segmentos, como em propagandas e veículos oficiais de circulação de informação. De autoria do então deputado Aldo Rebelo (PC do B – SP), sob o número 1676/99, fruto de um pensamento conservador e equivocado, o projeto, já na época, teve o repúdio da opinião pública, mas seguiu os trâmites para votação. Em 13/12/2007, um substitutivo ao projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por unanimidade. Espera-se, agora, que seja reprovado se for à votação no plenário da Câmara. Caso contrário, o que faríamos com os nossos abajures, boxes, jeans e hambúrgeres? Teríamos que convencer toda a população que Sida se transmite da mesma forma que a Aids e passar a usar correio virtual ou correio eletrônico ao invés de e-mail? Será que o projeto determinava a retirada em massa de termos já incorporados à nossa língua ou apenas engessava-a, tentando frear sua evolução?Tais questões foram levantadas por lingüísticos, jornalistas, professores e gente do povo, demonstrando que, além de ser extremamente receptiva ao “de fora”, a população brasileira – ou ao menos sua parte pensante – não teme o desuso maciço do português dentro de nossas fronteiras geográficas.


Desde o surgimento das primeiras formas de linguagem, o homem aprendeu a incorporar novos termos, oriundos de outras regiões, que surgiam para nomear novas descobertas ou invenções. Inventamos palavras de acordo com as necessidades que vão aparecendo. Observamos, inclusive, a utilização de algumas delas com maior frequência em certas épocas porque a língua é organismo vivo, que precisa ser alimentado e tende a crescer na mesma proporção do conhecimento humano.Devemos aceitar com naturalidade uma maior influência de culturas mais desenvolvidas econômica ou culturalmente. Como um dia foi com o grego, com o latim, com o francês – hoje ocorre com o inglês. E preparemo-nos para começar a nos preocupar com o mandarim falado pelos 1,5 bilhão de chineses, assim que o país deles passar a exportar, além de seu poderio econômico, também, sua influência ideológica.


É mais que esperado que invenções oriundas de outros povos cheguem até nós com o nome original e, aqui, com adaptações, passem a fazer parte da nossa cultura, permitindo que deletemos um texto ou passemos a nos sentir estressados. Também traduzimos muitos termos, principalmente quando se torna difícil sua pronúncia na língua estrangeira original, como ocorre com download, muito mas utilizado como baixar mesmo. E não é raro que pronunciemos estrangeirismos com os sons do português, fazendo surgir novas palavras com o passar dos anos. Foi assim que for all virou forró.


Tentativas de nacionalizar, numa reforma ortográfica, palavras oriundas de outros povos podem ser sucesso em países pequenos, altamente desenvolvidos economicamente, cujo povo é extremamente culto e nacionalista, como foi na França. Lá, porém, a extensão territorial menor que nossas Minas Gerais e um sistema de educação com pilares herdados da Revolução Francesa (há alguns séculos, pelo menos) ajudou, também, a consolidar uma certa xenofobia, que, no mínimo, causa situações de constrangimento, quando nos deparamos, por exemplo, com os nomes dos sanduíches de uma grande rede norte-americana de refeições rápidas (para não usarmos fast food), que senão adaptados, são pronunciados com os fonemas franceses. Sem falarmos do palavrão utilizado por eles para designar o nosso já velho amigo computador.


É óbvio que devemos defender nossa identidade. E um dos mais fortes elementos de um povo é sua língua. Mas não se pode fazer isso através de decreto. Deve partir do bom senso a decisão de não se utilizar on sale no lugar de liquidação, ou off ao invés de desconto. Negar a própria língua em mensagens promocionais ou em estampas de camisetas, nas quais o português teria maior impacto e abrangência, deve ser evitado por quem deseja ser reconhecido como brasileiro e cidadão. Nosso sistema de mídia, um dos pilares das sociedades modernas e fator determinante no que se refere à mobilização nacional, já defende hoje a idéia de que é extremamente deselegante utilizar-se de estrangeirismos gratuitos, quando da existência de um equivalente em português. Em alguns casos, poderíamos chamar de cafona, brega mesmo, aquele que pensa que ainda consegue projeção pessoal “vomitando” palavras que muitos à sua volta não entendem. Somemos a isso o recente repúdio em escala mundial à política externa norte-americana (que, admitamos, aos poucos vem sendo desfeito por Barack Obama) contribuindo bastante para o nacionalismo na hora de evitar-se o uso de palavras em inglês e, até mesmo, de outros símbolos da cultura dos Estados Unidos, como fazíamos ao estampar nas roupas e acessórios a bandeira de listras brancas e vermelhas, com um retângulo azul cravejado de estrelas.


Em tempos de balança comercial, globalização e guerra fiscal, com o Brasil na moda no ambiente internacional, vai se destacar aquela empresa ou pessoa que reforçar sua origem tupiniquim.


Para saber - e rir - um pouco mais, acesse http://veja.abril.com.br/300800/p_086.html

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