A linda casinha azul celeste resiste à triste tendência que assola o Alto dos Passos. Belíssimos casarões antigos - muitos, mal conservados, admito - estão sendo demolidos para dar lugar a edifícios sem nenhum charme e até para tornarem-se estacionamento. Após a alteração do gabarito permitido para edificações na região, na última gestão de Tarcísio Delgado, houve um certo boom imobiliário que não se interessou em preservar a identidade do bairro, tampouco as tendências mais modernas de ocupação do solo e qualidade de vida . Rua Padre João Emílio, Dom Viçoso, Machado Sobrinho. Todas já assistiram incólumes a demolições de imóveis residenciais que contavam a história da própria cidade. Uma das ruas mais afetadas foi a Barão de Aquino. Nela, pelo menos cinco grandes casarões vieram ao chão. E o pior é que com o esfriamento do mercado imobiliário depois da crise financeira mundial, os projetos das construtoras não foram adiante e a rua virou uma sequência de terrenos cercados por tapumes. As mais recentes "vítimas" estão sendo duas belas senhoras da Moraes e Castro, próximo à esquina com a Barão de São Marcelino. Robson Alves, morador do bairro, disse ter ouvido do empresário que as adquiriu que, além delas, comprou também o sobrado onde hoje funciona o restaurante La Caprese. Ele quer ainda comprar a nossa brava heroína da foto, mas parece que o proprietário está sendo mais resistente. O projeto é colocá-las todas a baixo para que dêem lugar a um conjunto de lojas! Será que o, antes, charmoso bairro da zona sul, precisa e suporta mais estabelecimentos comerciais, que demandarão mais trânsito, mais coleta de lixo, mais fluxo de pessoas? Sem contar a poluição sonora que já perturba os moradores. Não sou contra o desenvolvimento, a construção de edifícios, o advento do comércio, que emprega, que, dependendo do ramo, valoriza a região onde se instala. Mas temos que aprender com o erro de outras cidades. Regiões já ocupadas, com um certo valor estético e arquitetura histórica, que caracterizam Juiz de Fora como uma cidade imperial e, posteriormente, industrial, precisam ser conservadas. As casas que estão sendo varridas da paisagem são das décadas de 20, 30, 40 do século passado, além de outras mais modernas, mas não menos importantes do ponto de vista arquitetônico e paisagístico.
Que se ocupem terrenos vazios existentes em outras regiões da cidade, nas quais o fluxo de pessoas ainda não está comprometido, o trânsito está menos saturado, nas quais ainda seja possível implantar linhas de ônibus, o que não é possível no bairro em questão. O Alto dos Passos é um bairro pequeno, cujo acesso se dá por ruas estreitas. É um bairro predominantemente residencial. Toda a nova demanda de transporte gerada é suprida com o uso do automóvel.
Se a manutenção de casarões já não é compatível com o ritmo de vida das famílias nos dias de hoje, que prezemos pela sua utilização por negócios que aproveitem o pé direito alto, os janelões amplos, os quintais de chácara... Ah se nossos filhos pudessem conhecer todo esse charme! Pelo visto, restará a eles caixotes com fachada de mármore branco e cinza, casas de pombos, de paredes finas por onde se ouve até a respiração do vizinho de cima.
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