quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Goiânia e a ciclovias (ou a falta delas)

Olá a todos! 
Em primeiro lugar, quero dar os parabéns ao Pedal Goiano - grupo que luta pela implantação de ciclovias em Goiânia. Qualquer movimento que busque alternativas ao transporte individual motorizado é necessária em todas as cidades do mundo. Chega a ser patético queimar combustível para mover um carro que pesa mais de uma tonelada (peso médio de modelo popular) e ocupa mais de 12m quadrados para transportar apenas uma pessoa por distâncias, em sua maioria, menores de 15km. Mas percebo em alguns comentários no blog do grupo  a ideia de que a bicicleta só deve ser usada para o lazer, em dias de folga. O uso da bike nos feriados e domingos, para a prática de esportes e passeios, é excelente, sem dúvida. Mas a bicicleta tem que ser encarada como um meio de transporte do dia a dia, integrada aos demais meios de transporte. Incluir bicicletários nos terminais de ônibus, como vem ocorrendo nas estações que estão sendo reformadas, representa um avanço nesse sentido. 


Parque Flamboyant - Goiânia

Quanto às ciclovias, nas maiores cidades do país, como São Paulo, os movimentos de mobilização de ciclistas defendem as ciclofaixas, ao invés de ciclovias exclusivas, justamente para não fazer da bike mais uma forma de individualização dos cidadãos. As ciclovias exclusivas acabam por tornarem-se mais uma segregação de espaço, mais uma demanda por poder, por disputa, assim como hoje ocorre com os carros. As ciclofaixas têm, em si, a intenção de integrar motoristas e ciclistas. Devemos buscar uma convivência harmoniosa, e não uma forma de nos isolarmos, nós ciclistas, protegidos por barreiras físicas. Além disso, as ciclofaixas têm custo baixíssimo, apenas referente a tinta e sinalização vertical. O que dificulta as negativas do poder público em implantá-las. Obviamente, num primeiro momento, carros e ônibus (ou melhor, seus condutores) terão dificuldade em aceitar. Vão dizer que as bicicletas estarão "atrapalhando" o trânsito. Será apenas o tempo de conscientizá-los que cada bike representa menos um carro disputando espaço nas ruas, portanto, contribuindo para um trânsito melhor. O dinheiro e o tempo economizados ao se optar por ciclofaixas podem ser convertidos em campanhas de conscientização da população nesse sentido. 

Alguém num outro comentário (no post pedindo sugestões de locais que deveriam ter ciclovias em GYN) até falou em substituir a faixa exclusiva de ônibus por ciclovias! Por favor, não! Transporte coletivo de massa precisa sempre ter prioridade. Da mesma forma os canteiros centrais. Eles são um diferencial de Goiânia, não merecem ser eliminados para abrir caminho à nossa causa. Precisam, sim, serem arborizados para garantir muita sombra para nossas pedaladas! Muito menos as calçadas. Recentes pesquisas revelaram que a caminhada é a segunda forma mais utilizada para locomoção nas cidades brasileiras. Precisamos de calçadas largas, bem pavimentadas, com espaço para pedestres, cadeirantes e todo o mobiliário urbano. 

As ciclofaixas, se forem utilizadas de forma maciça, vão diminuir, sim, o espaço dos carros. Mas todas as experiências do mundo que primaram pela abertura de mais espaço para os "reizinhos de quatro rodas" já foram inauguradas com prazo de validade vencido. Deixar de priorizar o carro, criando ciclofaixas em todas as ruas e avenidas e faixas exclusivas para os ônibus nas principais vias, forçará os motoristas de carro a buscarem alternativas (transporte coletivo, bicicletas...). O que pode se refletir em cidades mais humanas. O carro deve se restringir a usos esporádicos, como compras de mercado, transporte de pessoas com dificuldade de locomoção ou adoentadas, viagens e sistemas de carona, com todos os cinco lugares do veículo ocupados.

Para uma análise sobre a falácio dos comerciais de carros, dê uma olhadinha nesse poste antiiigo, mas ainda atual!

Abraços!

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